Fotógrafo: livre-se de amarras e esteja aberto a todas as formas de amor
Confira 3 passos para fazer um verdadeiro exercício diário e tornar sua fotografia de casamento ainda maior
Você já se deu conta do presente que é poder eternizar o amor de duas pessoas? E, o melhor de tudo, já reparou como temos a sorte grande por fotografar e conhecer tantos casais, tão diferentes e únicos, com sua própria história de vida, sua maneira singular de se relacionarem e viverem o amor? É muito engrandecedor entendermos que somos seres extremamente incomparáveis, diferentes uns dos outros e, por conta disso, imensamente especiais. Mas, mesmo assim, há muitos colegas de profissão que parecem estar fechados ao novo e que ainda não entenderam a importância de enxergarmos o amor como um elo maior e universal que nos une.
Falo isso porque acredito que estamos vivendo tempos de grande evolução em relação ao respeito e tolerância ao próximo, mesmo que com certos momentos de resistência e conservadorismo exagerado estampado nos noticiários, mas ainda me entristece saber que existem fotógrafos que alimentam certo tipo de preconceito e pensamentos ultrapassados em relação a algo tão simples: o amor. E somente quando entendemos que esse mesmo amor existe dentro de cada pessoa ao nosso redor e é sempre igual, independentemente de qualquer outro detalhe externo, é que conseguimos nos livrar daquelas amarras que nos acompanham há tanto tempo e nos deixam presos à rótulos, ideias e costumes que já não fazem mais sentido.
Aliás, as fotos que ilustram esse texto são de um casamento bem peculiar. Não por se tratar de dois noivos, mas sim porque eles escolheram que o “sim” fosse dito à sós, num barquinho em alto mar e onde só estivessem os dois. Ou seja: sem fotos da cerimônia, já que por uma escolha do casal este seria um momento só deles. Então não adianta em nada eu me fechar a isso, pensando apenas em mim e nas fotos que eu teria ou não. Percebe como ainda faz parte de nós a ideia de como deve ser uma cerimônia de casamento? Bem, não estou aqui para dizer que existe certo ou errado, muito menos tentar fazer você acreditar que esse texto foi feito para mudar sua forma de pensar, já que as transformações só ocorrem quando estamos prontos e abertos a elas, mas eu quero que você pelo menos tire um tempo para rever certos pontos de vista.
Será que não é hora de entender e apoiar as diferenças e, assim, tornar nosso trabalho ainda maior? Tente ver os três passos a seguir como um verdadeiro exercício diário.
1. Aceite-se. A primeira coisa que aprendi é que é muito difícil aceitarmos o mundo ao nosso redor quando nem ao menos nos aceitamos direito. E falo isso por conta do fato de que, durante boa parte da minha vida, tentei me adaptar ao que os outros esperavam de mim, anulando minhas vontades, meus sentimentos… Tudo para que pudesse me encaixar nas ideias e moldes que outras pessoas tinham. Falo da vida pessoal, mas o lado profissional acabou se influenciando também. E, acredite, não existe nada mais devastador do que isso. Quando entendi e aceitei a minha verdade, ficou mais fácil e claro perceber a importância de amar quem eu sou, pois assim posso reconhecer o amor em outra pessoa, sem discriminar ou julgar. Apenas o amor em plenitude é o que importa.
2. Reconheça no outro o amor. Antes de prosseguirmos, preciso te perguntar: você já se ama inteira e verdadeiramente? Você já se aceita como é, com todas suas qualidades e também defeitos? Você já ama seu trabalho e seu modo único de ver as coisas? Foi preciso uma longa caminhada de desprendimento de tudo daquilo que eu acreditava, já que eram coisas que foram criadas em mim e não que me pertenciam de verdade. Ao me amar efetivamente, posso reconhecer que o outro é um ser que merece amar e ser amado. O outro também tem seus medos, seus traumas, suas dificuldades e gostos. Mas mais do que isso, também é alguém que nutre dentro de si um sentimento tão grandioso e puro. Por que querer que seja da minha maneira se cada um tem sua própria forma de ser, viver e sentir? Só nos cabe reconhecer e abraçar no outro o amor.
3. Tenha a sensibilidade de ouvir. Pouco adianta entender que as pessoas amam à sua própria maneira, se eu continuar achando que o “eu” deve prevalecer em relação ao “nós”. Por isso, ao aceitar que você é alguém especial e os outros também carregam junto de si algo puro e muito bonito, você precisa ter a sensibilidade de ouvir o que eles têm a dizer. Se a sua dificuldade na hora de fotografar casais “diferentes” acontece porque você não consegue encontrar um meio comum que o una a essas diferenças, com certeza vai ser muito valioso apenas sentar-se e prestar atenção nas histórias que o casal tenha para contar, em como foi especial o dia que se conheceram e o frio na barriga que sentiram antes do primeiro beijo. Você também já sentiu isso um dia, não?
Você não deve mais se permitir vestir aquilo que você foi um dia, pois já não lhe cabe mais. O que precisamos fazer é entender que cada dia é uma nova e única chance de aprendizado, crescimento e mudança. E isso pode acontecer a qualquer instante, desde que estejamos de abraços abertos ao novo. Lembre-se: cada pessoa vive, sente e ama à sua maneira e é isso que nos torna tão excepcionais. Somente ao livrar-nos de amarras, julgamentos e costumes é que podemos amar, reconhecer e, como dizem, considerarmos justas todas as formas de amor.
Este também é o tema da minha palestra no Núcleo de Tecnologia do Wedding Brasil 2017 e vai ser muito especial poder continuar essa conversa por lá. Nos vemos!
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